Pedagoga Marilda Xavier Lara participa do
programa no Bairro Castelo
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Famílias de 78 bairros das nove regionais de Belo Horizonte, que integram a Rede de vizinhos protegidos, uma ação conjunta da comunidade e Polícia Militar, não estão imunes às investidas de criminosos, atentos ao fato de que muitos moradores viajam no período de Natal, réveillon e férias de verão. Porém, eles têm a favor os bons resultados do projeto, que em cinco anos atingiu índice de até 68% de redução dos crimes violentos em uma área crítica da Região Noroeste da capital. Por resultados expressivos como esse, a rede conta hoje com 40 mil pessoas comprometidas com a proposta e outras tantas já colocaram em seus imóveis a placa informando a parceria com a PM e, eventualmente, participam das reuniões entre a comunidade e a corporação.
O segredo do sucesso do projeto não passa por investimentos financeiros do
contribuinte para aparelhar a PM, como era sugerido no modelo da policiamento comunitário da década de 1990. Mesmo porque, a corporação está muito bem equipada para combater o crime, como atesta o major Idzel Fagundes, um dos idealizadores da rede, atualmente chefe de Planejamento Operacional do Comando de Policiamento da Capital (CPC).
“A Polícia Militar está bem aparelhada e nesse contexto a rede não tem a finalidade de receber doações, como viaturas, armamentos ou qualquer outro equipamento. O que necessitamos é de dados que contribuam para reduzir a criminalidade. O que se espera da comunidade são informações, postura de autoproteção e a aproximação com os militares da área, o que permite aos moradores o conhecimento da atuação policial”.
Fagundes destaca que o sucesso da Rede de vizinhos protegidos, que também está em 26 cidades do interior de Minas, como Juiz de Fora, São Lourenço e Sete Lagoas, atende o preceito do artigo 144 da Constituição Federal, estabelecendo que segurança pública é dever do Estado e direito e responsabilidade de todos . “Mais do que uma estratégia que tem dado certo, é uma proposta de integração dos próprios vizinhos, que passam a entender que as ruas e o bairro pertencem a eles. E, quando a comunidade passa a ocupar esses espaços, a marginalidade se afasta”, explica o major. Ele acrescenta que, para iniciar uma rede, os moradores devem procurar a unidade da corporação responsável pelo policiamento da área.
Segurança
A idéia surgiu em julho de 2004, entre um apito e outro, e parecia se tratar de uma mobilização de moradores de uma rua do Bairro Caiçara, Noroeste da capital, para se safar dos constantes arrombamentos e assaltos. Hoje, a Rede de vizinhos protegidos é uma expressão do conceito de policiamento comunitário. “Vi que a união dos vizinhos no Bairro Caiçara, que alertavam uns aos outros por apitos, estava dando certo. Na região em que moro, no Castelo, na Pampulha, a média era de 20 ocorrências por mês. Fui à sede da 8ª Companhia do 34º Batalhão da PM, que faz o policiamento na área, e iniciamos uma parceria”, contou a pedagoga Marilda Xavier Lara.
O envolvimento dela não se limitou à busca de segurança para sua comunidade. Marilda integra o Conselho de Segurança Pública da 8ª Cia., tem incentivado a criação de redes em bairros vizinhos. Com isso, já são 24 bairros de sua região integrados ao sistema. “Na área em que moro não usamos o apito, mas realizamos a rápida comunicação por meio de celular. Há quatro anos demos início à parceria, com base no modelo do Caiçara. Já adotamos outros caminhos, mas a essência da rede, que é o espírito solidário, por meio da aproximação entre os vizinhos e a polícia, não muda de um bairro para o outro.”
A advogada Denise Prata, moradora da Rua Francisco Guimarães, deparou-se com muitas situações de criminosos atacando vizinhos e, depois de quase três anos, aposta no projeto que vinha colhendo frutos em outros pontos de seu bairro. “A parceria com a PM não se limita apenas em ter um canal de comunicação para atendimento rápido. A integração nos permite ter uma mudança de comportamento para garantir a segurança. E essas orientações estamos levando à comunidade por meio de folhetos, faixas, nas reuniões, e-mails e outros recursos. E é claro, temos em nossa rede pelo menos 180 famílias comprometidas com a vigilância da movimentação na área, tendo o apito como um alarme eficaz”.
Fonte: uai.com.br
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